Via CondomínioSC
Fim de ano, festas e confraternizações. Espírito do Natal presente pacifica as relações. Nos condomínios, embora seja reduzida, a convivência entre vizinhos é por vezes relatada como uma experiência de aprendizados e trocas de afeto.
Em geral, devido ao ritmo de vida agitado e substituição do contato pessoal nas relações por ferramentas como whatsapp, facebook e instagram, os vizinhos convivem cada vez menos um com o outro, restando comumente etiquetas básicas de saudações: bom dia, olá, como vai?
Viver em comunidade requer paciência, tolerância, respeito, cumprimento de regras e, sobretudo, bom senso, pois no condomínio vivem pessoas que são diferentes em idade, gostos, interesses, objetivos e crenças.
Para lembrar o Dia do Vizinho, comemorado no dia 23 de dezembro, o Jornal dos Condomínios traz experiências de moradores satisfeitos com a vida em condomínio e dicas de etiqueta comportamental a fim de mostrar que é possível viver em harmonia.
Diálogo
No Condomínio Nara Cristina, em Campinas, região da Grande Florianópolis, o síndico Augusto Herbert diz que o ideal é que os vizinhos se entendam, primeiramente, entre si e somente em casos extremos chamem o síndico para resolver conflitos. “Muitas vezes o problema é fácil de ser resolvido e gera menos ressentimento se um vizinho aborda o outro em uma conversa franca e pacífica do que colocar o síndico no meio, gerando um clima mais tenso”, disse. Ele cita o exemplo que aconteceu com a própria esposa, que acordava cedo para trabalhar e a primeira coisa que fazia era calçar o salto alto.
“Eu era o vizinho nesse caso. Então o morador do andar de baixo, incomodado com o barulho, veio fazer a sua queixa de maneira civilizada. A minha esposa agora calça o sapato na hora de sair. Resolvido o problema”, diz.
Em geral, o síndico Augusto fica satisfeito com os comportamentos de civilidade no condomínio. Ele recorda o caso de um morador cadeirante, com dificuldades para abrir o elevador e que recebia constante ajuda de outros condôminos. “Temos muitos exemplos de cordialidade no nosso condomínio e, em geral, exceto os casos pontuais, vivemos em harmonia. Fico satisfeito”, conclui.
Bom senso
O síndico profissional Julio Cesar Alberton cita o bom senso como a melhor solução na maioria dos casos de desrespeito entre vizinhos. “Se formos colocar regra para todos os detalhes a Convenção fica enorme”, ressalta. O ponto crucial, para ele, é o individualismo, quando um acaba atendendo às próprias necessidades sem pensar no outro.
O síndico Júlio lembra-se de um caso recente em um dos condomínios que administra, onde um morador estacionou a caminhonete mal posicionada na vaga, deixando a traseira do veículo obstruindo a passagem dos demais carros. O condômino viajou e ficaram uma semana com problemas na garagem. “Foi o caos. Os moradores ficaram me enviando e-mails diariamente e eu tinha que explicar que a pessoa havia viajado”, diz.
Por outro lado, o síndico Julio destaca que as pessoas devem ser mais tolerantes. “Qualquer atitude, por mínima que seja, e as pessoas já ficam insatisfeitas”. O síndico conta um episódio em que um morador estacionou o carro um pouco atravessado e o outro condômino se incomodou com a situação e, ao invés de conversarem tranquilamente, partiram para briga e discussão. “Eu tento incentivar o diálogo e a compreensão entre os moradores. Às vezes as pessoas não estão em um bom dia. Todos temos altos e baixos”, salienta.
União
No entanto, há condomínios em que a interação e estreitamento de laços já fazem parte do cotidiano. O Condomínio Açorianos, no bairro Estreito, é exemplo de saúde nas relações entre os moradores. Com apenas 16 apartamentos, a maioria ocupada por condôminos da terceira idade, o companheirismo é percebido diariamente.
A síndica Dilma Linder, 61 anos, se diz satisfeita por ter boa relação com todos. “Respeito a opinião das pessoas e não tento impor a minha razão. Para obter sucesso, é preciso saber escutar e ter a sensibilidade de deixar para responder quando a pessoa estiver receptiva e em bom momento”, disse. O segredo, revela Linder, é transmitir segurança e tranquilidade. “Jamais discutir com um morador”, pontua.
A síndica Dilma lembra-se de um caso, um morador jovem, que andava no apartamento com sapatos que geraram incômodo ao vizinho de baixo. “Eu abordei ele duas vezes, expliquei educadamente sobre o barulho. Ele atendeu ao pedido e hoje é um morador que nunca mais foi motivo de queixa e convive bem no condomínio”, lembrou. Para a síndica, multas e advertências, somente em casos extremos. “Consigo resolver praticamente tudo conversando. Nunca precisei abordar um morador do nosso condomínio com medidas mais severas”, explica.
Solidariedade
A prestatividade é a palavra-chave no Condomínio Açorianos. “Eu gosto de ajudar. Sempre procuro pensar na solução. Evito dizer não. As pessoas precisam uma das outras”, observou a síndica, que experimenta atitudes recíprocas por parte dos condôminos. Durante a entrevista por telefone ao Jornal dos Condomínios, a síndica conta que acaba de ganhar uma omelete de presente de uma das moradoras do prédio, também Conselheira do prédio, Telma Xavier, senhora de 80 anos. “Recebo muitos mimos, são meus amigos”, diz.
A moradora Telma compartilha suas vivências de companheirismo com suas vizinhas: “Eu só tomo chá, mas faço café todos os dias para a Iria, minha vizinha, ela já chega com a xícara na mão. Outra amiga precisou hoje de arroz eu disse que tinha até cozido, pode levar”, conta. Para Telma o lema é “precisou de mim, faço sempre o que posso pra ajudar”. Iria Vasconcelos, 73 anos, mora sozinha, mas o que não lhe falta é companhia. “Não fico tanto tempo em casa, saio bastante do condomínio, mas tenho ótima vizinhança. Gosto de tomar café na casa das vizinhas”, diz.
Maria José, 60 anos, diz que o interesse comum por artesanato as une. “A gente gosta de costurar. Se me falta uma agulha, pego emprestado com uma delas”. Professora aposentada, conta que gosta de conversar com as colegas, o que acaba por suprir a ausência de companhia. “Não gosto de ficar sozinha”.
No ano que vem as moradoras retomarão o grupo de encontro de práticas artesanais. Elas se juntam para fazer cachecóis, boinas, sapatos, entre outros assessórios para doação à creche. “Fizemos 48 cachecóis, mais de 30 sapatos e gorros. Além de ser uma forma de a gente se reunir para conversar e fazer um lanche, ainda nos sentimos úteis ajudando alguém”, enfatiza Telma.
DICAS
Gentileza gera gentileza
Maria Inês Borges, palestrante comportamental, de Curitiba (PR), autora do livro “Viver com Elegância Não é Difícil”, dedica um capítulo inteiro para falar da relação em condomínio. Em entrevista especial ao Jornal dos Condomínios a consultora revela preciosas dicas de etiqueta para uma convivência em harmonia, que podem ser anexadas ao mural do condomínio. “O diálogo sempre é a melhor opção. Só sabemos como o outro vê e recebe as coisas se perguntarmos. Bom senso e respeito são a base de qualquer etiqueta”. Confira:
No hall de entrada e portaria
– Seja discreto, evite falar alto neste ambiente.
– Não ocupe o hall durante muitas horas com a sua visita.
– Ao funcionário que estiver neste local, deve estar atento aos costumes de educação, atendimento cordial, com disposição e prestatividade.
– Ao porteiro do prédio, deve ter sempre o tato de avisar ao visitante que a pessoa não poderá recebê-lo naquele dia, sem dar a conotação de que o morador não quer recebê-lo.
– Funcionários ou moradores devem oferecer auxílio aos idosos para carregar objetos, caminhar em escadas. Eles sempre têm mais dificuldades e precisam de cooperação de todos.
No elevador
– Quem desembarca nos últimos andares, mais baixos ou mais altos, fica atrás. Se você vai para o vigésimo andar tenha cuidado para não ficar na porta obstruindo a saída de quem sai antes.
– Aos condomínios que contam com um assessor de elevador, seja educado com o funcionário. Um bom dia é sempre bem-vindo.
– Antes de entrar no elevador, espere as pessoas que estão dentro saírem.
– Idosos sempre têm preferência.
– Elevador é um espaço muito pequeno. Evite conversas pelo celular neste ambiente, não seja inconveniente.
– Aos pais com crianças nos elevadores, cuidem para que seus filhos não apertem todos os botões do elevador.
– Ao cruzar com portadores de necessidades especiais, ofereça ajuda. É importante não ir ajudando, sempre bom perguntar antes se a pessoa precisa.
– Respeite as regras para uso de elevador social e serviço. Pacotes, malas, mudanças, animais, lixo use somente o de serviço.
– Em caso de pane no elevador, fique tranquilo, aguarde o zelador, seja compreensivo e ajude quem estiver do seu lado. Seja solidário caso precise acalmar o outro.
– Não seja invasivo. Evite questionamentos pessoais dentro do elevador. Existem pessoas que são reservadas e não gostam de compartilhar muito a vida particular. Limite-se ao bom dia, boa tarde e assuntos gerais.
Nos corredores
– Não bata na porta dos outros, arraste a chave ou objetos na parede.
– Caminhe evitando fazer barulho.
– Não deixe lixo ou objetos para fora do apartamento nesta área comum.
No apartamento
– Evite andar de salto alto ou sapatos que fazem barulho para o andar de baixo, a não ser que você esteja no primeiro andar do prédio.
– Faça tudo para não incomodar o vizinho, toda gentileza é bem-vinda.
– Evite pregar quadros ou realizar atividades que gerem ruído à noite
– Se você toca instrumentos musicais, entre em consenso com os seus vizinhos sobre o melhor horário dos ensaios, nesse caso mesmo que seja durante o dia. Dialogue e evite conflitos.
– Não deixe lixo e alimentos de mau cheiro nos apartamentos, pois refletem mau cheiro no corredor.
No salão de festas
– Reserve, com antecedência, o uso do salão.
– Respeite horários de sons e regras estabelecidas no Regimento Interno.
– Avise aos convidados sobre as regras do estacionamento na rua.
– Avise o porteiro sobre a festa e deixe a lista de convidados na portaria.
– O anfitrião deve receber os convidados com alegria e disposição. É o primeiro a chegar e o último a sair.
– Aos condôminos que não foram convidados à festa ou não quiseram comparecer, tenham tolerância quanto a barulhos dentro do limite estabelecido na regra do condomínio.
– Se for uma festa realizada pelo condomínio e o síndico fizer uma saudação pública durante o evento, que seja um discurso breve. Afinal, não é momento de assembleia, nem palestra.
Na academia
– Seja gentil, cumprimente as pessoas que estão no ambiente logo quando chega. Um bom dia é suficiente.
– Saiba revezar os horários para uso dos equipamentos. Se o uso desse espaço for muito disputado, o síndico pode criar também formas de organização para os condôminos seguirem.
– Homens não devem praticar exercícios nas academias do condomínio sem camisa.
– As pessoas devem evitar perfume excessivo, pois além de incomodar o outro, o cheiro pode passar para os equipamentos causando mal-estar.
– Lugar de academia é lugar de praticar exercício e não botar a fofoca em dia. Evite conversas paralelas durante o exercício.
– Sempre limpe os equipamentos com paninho e álcool depois de usá-los.
– Leve toalha própria para a superfície dos equipamentos e para secar o suor.
No jardim
– Jamais ande em cima da grama. Siga os caminhos indicados para caminhar.
– Não arranque flores e plantas.
– Não jogue cigarro no jardim.
– Se está com animais e nesse ambiente é permitido que andem em coleira, tenha sempre em mãos a sua pazinha e saquinho. Deixe o ambiente limpo.
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